
Estou em casa. Minha filha brinca no quintal. Estou aqui admirada pelo desenrolar da manhã. Acordei pensando que hoje é dia de Pentecostes e fui ler um cadinho para me inspirar. Mas não é na leitura que encontro o que buscava. Procuro pela casa algo, mas é ali, diante de meus olhos, bem pertinho, que encontro.
Enquanto comemos pão feito em casa e tomamos café quentinho, vemos formigas a procurar alimento. Vem à memória uma música de formigas recém-criada por uma amiga de todas as épocas, professora da escola. É uma música que fala sobre formigas e o seu caminho incansável. Escutamos e cantamos, ali diante das formigas, neste céu de outono. E minha filha diz: “Mãe, posso dar um pedacinho de seu pão para as formigas? Elas estão trabalhando muito. Imagina a fome que estão sentindo”. Quando eu digo que sim, minha filha pega farelos de pão e os esmigalha mais ainda e oferece no trajeto das formigas. E fica ali a observar. A alegria toma conta dela quando vê que uma formiga levar um pedaço de pão. E ela diz “pai, pai, vem ver, a formiga está comendo do pão que você fez, eu dei um pedacinho para elas!”. Seus olhos vibram de contentamento e ela acompanha atenta o trajeto das formigas. E logo diz: “elas estão levando para comer todas juntas em casa”. Vai tirando os empecilhos do caminho e esfarela ainda mais o pão, “está muito grande para elas”. Uma leva um coquinho pequenino. “Imagina mãe, ela deve estar levando para tomar a água que tem dentro”. E continua ali por um bom tempo, vendo as formigas se encontrar, desviar, ajudar. Uma amiga da rua, desta rua pequenina sem saída aqui na zona rural a acompanha no encantamento. E logo aparecem pás de mão, balde e o desejo de fazer um formigueiro. “Vamos fazer uma experiência”, dizem elas.